domingo, 10 de julho de 2016

'I Delfini' ('Os Delfins'): Uma história de amor que critica a burguesia e seus preconceitos contra os mais pobres! - Marcos Doniseti!

'I Delfini' ('Os Delfins'): Uma história de amor que critica a burguesia e seus preconceitos contra os mais pobres! - Marcos Doniseti!
'I Delfini' ('Os Delfins'), de Francesco Maselli, faz parte de uma trilogia na qual o diretor critica as atitudes, os valores e os preconceitos da burguesia. 'Gli Sbandati' ('Os Refugiados', de 1955) e 'Gli Indifferenti' ('Os Indiferentes', de 1964) completam a trilogia. 
'I Delfini' (1960) é um ótimo filme do diretor italiano Francesco Maselli, que dirigiu excelentes e polêmicos filmes em sua carreira, mas que nunca teve um reconhecimento popular tão significativo quanto o de outros diretores italianos consagrados (Federico Fellini, Michelangelo Antonioni, Luchino Visconti, Ettore Scola, Mario Monicelli).

Junto com o excelente 'Gli Sbandati' ('Os Refugiados' - de 1955 - que, no Brasil, ganhou outro título, 'Abandonada') e o interessante, embora mais fraco, 'Gli Indifferenti' ('Os Indiferentes', de 1964), ele forma uma trilogia que trata de temas assemelhados, como a influência dos acontecimentos históricos e das classes sociais sobre os relacionamentos pessoais.


Nos três filmes temos a presença de duas belíssimas atrizes italianas: Lucia Bosé (Miss Itália 1947) atua, brilhantemente, em 'Gli Sbandati' e Claudia Cardinale tem o papel feminino principal em 'I Delfini' e 'Gli Indifferenti', também com ótimas atuações.


Nestas três obras de Francesco Maselli, vemos uma visão bastante crítica do diretor em relação à burguesia italiana, que colabora com o fascismo ('Gli Sbandati'), discrimina os segmentos mais pobres (proletários) da população ('I Delfini') e se aproveita de famílias decadentes e em dificuldades para enriquecer ainda mais e explorar social e sexualmente uma bela jovem (''Gli Indifferenti').

A bela e jovem proletária Fedora, interpretada pela belíssima Claudia Cardinale, sonha em ascender social e economicamente numa sociedade que é rigidamente dividida por classes sociais.
O filme começa com a narração feita por um 'delfin', ou seja, por um membro da rica burguesia de uma cidade do centro da Itália, Ancona, na qual as ruas, construções e palácios estão impregnadas de história, de tradição, de passado. Este personagem, Anselmo Foresi, é quem narra a história que ele vivenciou junto a outros membros da burguesia e do proletariado local durante uns poucos meses do Outono. 

Anselmo explica que há uma rígida divisão de classes na cidade, que é um microcosmo da Itália da época (1960) e que foi um período no qual o país se desenvolvia economicamente, vivendo o chamado 'boom econômico', que iria durar até 1973.

Assim, apesar do crescimento econômico, a Itália continuava rigidamente dividida entre as diferentes classes sociais.

De um lado, havia uma burguesia rica e arrogante, da qual faziam parte os irmãos Anselmo e Elsa Foresi, Marina - a ambiciosa namorada de Anselmo, que deseja acumular ainda mais riqueza - e o exibicionista e conquistador Alberto De Matteis. De outro lado, tínhamos um proletariado que melhorava de vida e ascendia social e economicamente naquele momento de prosperidade econômica. 

Este proletariado ascendente é representado no filme pelo médico Mario Corsi, e um outro segmento, mais pobre, da qual faz parte a jovem e bela Fedora, que é interpretada pela belíssima Claudia Cardinale, que usa da sua beleza para conseguir melhorar de vida. E também temos a representante de uma nobreza decadente (a falida Condessa Margherita Cherè), que somente guarda as aparências da grandeza de outrora, quando os seus antepassados fundaram a cidade.
Namorando com Alberto De Matteis, membro da Nobreza local, Fedora consegue pular o muro alto e invisível das desigualdades sociais e penetrar no mundo dos ricos. 
O filme começa numa fria noite de Novembro, com os jovens, elegantes e ricos burgueses curtindo a vida noturna da cidade e passeando com seus novos, belos e caros automóveis (Ferraris...). É uma autêntica 'burguesia ostentação'. Eles saem de um local, o 'Café Meletti', que é frequentado, exclusivamente, pelos ricos burgueses da cidade. 

E nessa mesma noite vemos Fedora, uma jovem, bela e solitária proletária que ficava, pela janela de sua casa, admirando os jovens burgueses e que sonhava em entrar para o mundo dos mesmos, desfrutando dos mesmos prazeres que eles: roupas caras, mansões, carros sofisticados, frequentando locais exclusivos dos mais ricos.

Mario Corsi, o médico que veio da classe operária, vai atender Marina, que bebeu de forma excessiva e está rindo de forma descontrolada. Quando perguntado sobre qual era o valor do atendimento, ele diz que não é nada, pois será pago pelo Estado, mostrando possuir uma dignidade e uma ética que estão ausentes na burguesia. 

Mario imediatamente chama a atenção de Margherita, a Condessa e dona da casa, que lhe oferece uma carona e diz que já sabe tudo a respeito dele. Ela o leva até um restaurante, que já está para fechar, e comenta a respeito dos frequentadores presentes, sobre os quais ela já sabe tudo, dizendo ainda, de maneira orgulhosa, que seus antepassados fundaram a cidade. 
Fedora, de origem proletária, e Ridolfi, envolvido em atividades ilegais, tentam penetrar no mundo da rica burguesia. Somente ela conseguirá, mas a um preço elevado. 
Mas, para Mario, aquele é um ambiente estranho e ele não sabe nada a respeito, é claro. Daí, chega Ridolfi, que é o líder dos negócios fora da lei que ocorrem na cidade, a qual todos recorrem, mas que ninguém faz questão de demonstrar que são seus amigos. Margherita é uma exceção, mas o motivo disso não é nada nobre e ficará claro mais adiante, no filme. 

Mario está morando, temporariamente na pensão da mãe de Fedora, que mostra conhecer bem os automóveis dos burgueses somente pelos ruídos dos mesmos, e por quem ele se sente atraído. Ela diz que sonha em ir embora para uma cidade grande, a fim de mudar de vida, pois ali há uma rígida divisão social, existindo um muro alto e invisível, entre a burguesia (os delfins, como eram chamados os antigos filhos primogênitos dos reis franceses) e o proletariado. 

A diferença é que a burguesia herdou a sua posição dominante na sociedade e na economia não em função de possuir um trono ou um título de nobreza (como é o caso da Condessa), mas pela riqueza acumulada, explorando o proletariado, é claro. 

Alberto recebe convidados para uma festa em sua mansão e pergunta, para Margherita, sobre Fedora, a qual ele viu junto com Mario. A Condessa diz que Mario aluga um quarto na casa de Fedora e Alberto comenta que espera que a jovem esteja incluída no preço do aluguel, como se a mesma estivesse à venda e pudesse ser comprada, como se ela fosse apenas uma mercadoria. 

Como dizia Karl Marx, no capitalismo, tudo é mercadoria. Afinal, para a burguesia, tudo tem um valor, certo?
Fedora é humilhada por Alberto, um rico esnobe, imoral e desprovido de quaisquer sentimentos verdadeiros por ela. 
Obs1: O diretor Francesco Maselli era marxista, sendo um membro atuante do PCI (Partido Comunista Italiano), daí a sua visão bastante crítica em relação à burguesia e que ele demonstra nesta trilogia ('Gli Sbandati', 'I Delfini' e 'Gli Indifferenti'). 

E a Condessa ironiza a afirmação de Alberto a respeito de comprar 'Fedora', dizendo que sempre gostou dos comentários 'espirituais' do mesmo. Depois, ambos fazem uma aposta, com Alberto falando que conseguirá afastar Fedora de Mario, que foram juntos à festa, deixando o caminho livre para que a Condessa fique com o médico (Mario).

Até mesmo o rico burguês Anselmo acaba sendo alvo de zombarias por parte do próprio pai, por ser muito intelectualizado (admirador de arte e de literatura) e que é extremamente crítico quando aos valores e comportamentos da burguesia. Ele entrará em conflito com o pai empresário e, também, com a namorada burguesa, Marina, em função disso, chegando a abandoná-la, mas no fim acabará nos braços da mesma e irá administrar as empresas da família, adaptando-se à situação. 

Como se percebe, os burgueses retratados no filme de Maselli são pessoas imorais e inteiramente desprovidas de qualquer espécie de ética. 

Durante a festa, Fedora e Mario ficam isolados, sem interagir com os demais, que são de outra classe social, enquanto que Anselmo fica entediado por ser diferente dos outros burgueses. Fedora acaba ficando na festa, enquanto que Mario vai embora, sozinho. E Alberto aproveita para cortejar e tentar seduzir Fedora, que tenta rejeitá-lo, mas que acaba cedendo, beijando-o intensamente. É o Don Juan em ação, querendo ganhar a aposta que fez com a Condessa. 
Momento do filme em que os amigos lavam a roupa suja em público, com várias verdades vindo à tona.
Quando Fedora retorna da festa, ela vê Mario fazendo a mala e se preparando para ir embora, devido ao fato dela não ter voltado junto com ele. Ele diz que a amava, de verdade, mas que ela, agora, está conseguindo pular o muro, ou seja, entrar no mundo dos 'Delfins', dos ricos burgueses. Afinal, ela se envolveu com Alberto De Matteis, que lhe telefonou várias vezes. 

Numa manhã de Domingo, os jovens ricos burgueses estão reunidos no 'Café Meletti', junto com Fedora, a nova integrante do grupo e que mantém um silêncio e que tem uma postura corporal que demonstram claramente um nítido sentimento de inferioridade em relação àqueles ricos burgueses, agindo como uma mera intrusa naquele mundo que lhe é totalmente estranho. 

Eles comentam sobre o fato de que Elsa recebe, frequentemente, flores de um admirador secreto, falam sobre o casamento de Guglielmo e Elsa e Alberto encontra Mario, ao qual provoca, perguntando porque ele está tão triste (refere-se, é claro, ao fato dele ter conquistado Fedora). Mario se irrita e ameaça agredí-lo e Alberto se propõe a brigar com o mesmo. 

Mas a Condessa chega, para conversar com Mario, e Alberto volta para o grupo de amigos. Depois, ela e Mario chegaram a ter um romance, de breve duração, pois Mario admite que não conseguiu esquecer de Fedora. Elsa, por sua vez, tem momentos de melancolia e de tristeza, mas sem que consiga explicar os motivos disso. E Anselmo vê a sua mãe chegando cedo, às 6 horas da manhã, depois de passar todo a noite fora de casa, com outro homem (Mattioli), traindo o marido de maneira explícita. Anselmo fica nervoso com isso, mas Elsa pergunta se ele ainda não conhece a mãe que possui.
O arrogante e imoral Alberto De Matteis exibe a sua futura esposa, como se ela fosse um troféu que ele acabou de conquistar.
O grupo de amigos vai até a estação ferroviária esperar pelo retorno de Marina, que ficou vários meses numa clínica de recuperação na Suíça e durante a espera eles entram em conflito, lavando a roupa suja em público: Anselmo estapeia a irmã, Elsa, por seu comportamento infantil; Anselmo também critica o comportamento exibicionista de Alberto e seu relacionamento com Fedora, que seria apenas parte de um jogo, não envolvendo nenhum sentimento entre eles; Elsa critica a Condessa, por esta ter se aproximado de Ridolfi, que é uma pessoa vulgar, não entendendo o motivo disso. 

Marina desce do trem, pergunta se está mudada e Anselmo a beija. Á beira-mar, junto com Marina, Anselmo fala, em sua narração, que nunca foi tão feliz como naquela tarde, quando decidiu largar tudo, abandonar aquela vida triste e melancólica, indo embora da Itália, junto com Marina. 

Porém, Marina fala que com 20 anos já é dona de 2 mil hectares de terra, de uma fábrica de tecidos, de terrenos à beira-mar... Ela informa que deseja ir morar, com ele, em Modena, pois comprou 30% das ações da indústria do pai de Anselmo. Mas este não gosta disso, pois diz que eles haviam combinado de romper com essa vida burguesa, para serem eles mesmos, rompendo com os valores da classe capitalista. 

Ela insiste para que fiquem juntos, mas Anselmo a abandona, decidindo ir embora sozinho, falando que ela pode ir embora para Modena.

Obs2: Gostei muito desta cena, na qual Gerard Blain e Ana Maria Ferrero tiveram uma ótima atuação. 
Marina e Anselmo, juntos, tomam decisões totalmente diferentes e acabam se separando. Ele anseia por sair desse mundo de aparências e vazio da burguesia, no qual é infeliz. Ele tentará fazer isso, mas será por pouco tempo. 
Enquanto, isso Alberto corre feito um alucinado em sua Ferrari, com Fedora ao seu lado, correndo riscos desnecessários, apenas para se exibir. A avaliação do seu comportamento, tipicamente narcisista, feita por Anselmo se revela mais acertada do que nunca. 

Depois de fazer amor com Alberto, ela diz que o mesmo nunca falou que a ama, ele dá risada, fazendo comentários depreciativos sobre os sentimentos, chegando a dizer para a namorada que não sabe do que ele gosta mais, se dela ou da Ferrari. 

Alberto ainda diz que a postura envergonhada dela é igual a de tantas outras mulheres que ele já conquistou. Sentindo-se desprezada, ela decide ir embora sozinha, mas ele fala que irá pedir por outra mulher, para ficar no lugar dela, adotando uma postura arrogante e de total desprezo por Fedora. Ela o questiona o motivo dele agir assim. 

Alberto fala que ela sabe que é assim que os relacionamentos são entre eles, totalmente vazios, sem quaisquer sentimentos envolvidos. E ele ainda joga na cara dela que todos na cidade viram eles saindo juntos e que se ela for abandonada, tal como o pai dela fez com a mãe, ela será menosprezada por todos. Ela abaixa a cabeça e fica em silêncio.

O comportamento de Alberto torna bem claro o seu total desprezo pela origem pobre de Fedora, bem como a sua total falta de caráter ou de sentimentos, chegando até a se gabar disso. 

Em sua narração, Anselmo diz que não se espantou quando ficou sabendo do desencanto de Fedora com Alberto e que via o relacionamento deles como sendo um grande erro, e que também não ficou surpreso quando Fedora decidiu continuar com Alberto, mesmo sendo humilhada por este, pois tal atitude não era incomum naquela cidade. 
Mario e Fedora se amam, mas uma série de obstáculos (sociais e familiares) irá dificultar o seu relacionamento. 
E Anselmo se prepara para sair de casa, indo morar, temporariamente, na casa da Condessa, enquanto planejava ir embora, em definitivo. Seu pai tenta convencê-lo a ficar, mas eles discutem a respeito da origem suspeita da fortuna do pai, que herdara tudo de um amigo judeu, na época em que foi levado para a Alemanha. Anselmo sabia, também, que sua irmã, Elsa, iria sentir muito a sua ausência, pois não teria mais com quem conversar a respeito dos momentos de tristeza e melancolia que a atingiam com frequência. 

Anselmo, já na casa da Condessa, tenta beijá-la, mas ela o rejeita, dizendo que aquilo não será bom para nenhum dos dois, sendo que ela admite que ainda não esqueceu de Mario. A Condessa também questiona Anselmo sobre o motivo dele ainda não ter ido embora. 

Anselmo explica que ali, em Ancona, ele carrega uma marca de nascença, que está relacionado ao fato de pertencer a uma certa família e de ser de uma determinada classe social e que isso o impede de se relacionar com as pessoas, pois elas não o vêem como ele é, realmente. É o muro alto e invisível sobre qual a Fedora falou no início...

Anselmo também diz que gostaria de ter mais forças e coragem para romper com tudo, mas que sequer possui dinheiro para ir embora. E a Condessa admite que possui dívidas com Ridolfi, mas que irá resolver isso oferecendo a mão dela e a sua posição social para o seu credor, casando-se com ele. 
Momento em que Mario e Fedora estão prestes a se beijar...
Ela informa Anselmo que Ridolfi é apaixonado por Elsa, a quem sempre envia flores, e que ele usará o casamento para entrar no restrito círculo social elitista do qual ela, Anselmo, Alberto e Elsa são membros. Anselmo fica preocupado com a reação de Elsa e vai atrás dela, que está junto com Ridolfi. Este fala que não se casará com a Condessa. Anselmo se envolve em um leve acidente de carro e decide permanecer na cidade, colocando um fim ao seu ato de rebeldia. Ele volta a viver com a sua família, passando os dias em um tédio absoluto, sem nada para fazer. 

Obs2: No quarto de Anselmo, vemos uma reprodução de 'Guernica', o famoso quadro de Pablo Picasso a respeito do massacre cometido por aviões da Alemanha Nazista contra a população dessa pequena cidade espanhola, em Abril de 1937, durante a Guerra Civil que assolou esse país entre 1936-1939 e que terminou com a vitória de Francisco Franco, que contou com o decisivo apoio de Hitler e Mussolini. 

Anselmo também fica sabendo, por meio da Condessa, que Fedora está grávida de Alberto, mas ela não o ama e, em função disso, está decidida a terminar o relacionamento com o mesmo, que é pressionado pela mãe, por sua vez, a se casar com a jovem e bela proletária, a fim de evitar um escândalo na cidade. 

Mas Alberto também não deseja se casar e pensa em dar dinheiro para se livrar de Fedora e do filho, mas acaba concordando com a ideia do casamento, planejando se transformar um jovem e sério industrial, com as suas amantes, é claro, mas agindo de maneira discreta, a fim de evitar escândalos.

O cinismo, a falta de ética e de moral de Alberto De Matteis são inacreditáveis, embora sejam bem realistas.
Quando se tratava de beijar Alberto, que a desprezava, Fedora resistia...
E a Condessa decide dar uma festa de despedida, pois está indo para o México, convidando aos amigos para a mesma. Enquanto eles dançam.  Fedora e Mario trocam olhares intensos, o que leva Alberto a ficar muito irritado, fazendo com que tente forçar Fedora a beijá-lo. Ela se recusa e ele a estimula a beijar Mario. Estes trocam um beijo apaixonado, típico de quem se ama intensamente. Alberto se irrita e começa a brigar com Mario. Este se despede da Condessa e vai embora. 

E no final da festa, os participantes descobrem a razão da sua saída da cidade: Ela está falida e quase todos os móveis e bens da casa foram vendidos ou embargados, a fim de pagar as dívidas que acumulou com Ridolfi e com outras empresas. Assim, a Condessa acaba sendo desmascarada, pois é pobre e, logo, enganou a todos. Ela os expulsa da casa e eles vão embora, enquanto que Mario e Fedora passam a noite juntos, conversando pelas ruas de Ancona. 

Ele tenta convencê-la a ficarem juntos, mas ela diz que mudou, que não sabe mais o que é certo ou errado, falam em casamento. Eles combinam de se encontrarem no 'Café Meletti', o preferido dos ricos burgueses, no horário de almoço, e ele diz que irão entrar no local de forma altiva. Mas quando ela chega em casa e vê a mãe chorando, dizendo que não resistirá a outro escândalo, Fedora pede que ela não chore, enquanto ela mesma começa a chorar. 

Nesta cena, percebe-se que Fedora tomou uma decisão, e que a mesma não irá agradar a Mario e nem a ela mesma. Quando ela vai ao 'Café Meletti', com uma expressão triste, e Mario se levanta para recebê-la, ela o ignora e vai na direção de Alberto e dos amigos. Guglielmo e Elsa falam sobre seu casamento e ela pergunta se Ridolfi ouviu. Este diz 'O mundo é vosso', referindo-se à burguesia, é claro, que por mais imoral e anti-ética que seja consegue se manter como a classe dominante na sociedade. 

E Anselmo conclui a sua narração perguntando o que foi que mudou neles durante aquele Inverno, mas não tem uma resposta para isso. Ele fala que Alberto e Fedora, bem como Guglielmo e Elsa, já se casaram e que, agora, ele e Marina irão fazer o mesmo, dentro de uma semana. Ele se pergunta se, antes, eles não estavam vivos e que, agora, eles cederam. Ele diz que o seu casamento seguirá a tradição e que às 8 horas ele deverá estar na fábrica.

Assim, tudo continua como antes em Ancona...

Fim. 
No fim, a Condessa é humilhada por seus amigos ricos, quando estes descobrem que ela está falida e, de fato, é pobre. 
Informações Adicionais:

Título: I Delfini ('Os Delfins');
Diretor: Francesco Maselli;
Roteiro: Ennio De Concini, Francesco Maselli, Alberto Moravia e Ageo Savioli;
Fotografia: Gianni Di Venanzo; 
Trilha Sonora: Giovanni Fusco;
Ano de Produção: 1960; País de Produção: Itália;
Duração: 100 minutos;
Elenco: Claudia Cardinale (Fedora); Tomas Milian (Alberto De Matteis); Gerard Blain (Anselmo Foresi); Anna Maria Ferrero (Marina Castelfranco); Sergio Fantoni (Mario Corsi); Betsy Blair (Condessa Margherita Cherè); Enzo Garinei (Guglielmo Bodoni); Nora Bellinzaghi (Mãe de Fedora); Antonella Lualdi (Elsa Foresi); Claudio Gora (Ridolfi); Giulio Tomei (Mattioli); Germana Paolieir (Mãe de Anselmo e Elsa Foresi).


Links: Informações sobre o filme:

http://www.imdb.com/title/tt0053756/?ref_=fn_al_tt_1

O que é mercadoria, para Karl Marx?:

http://midiacidada.org/o-que-e-mercadoria-para-marx/

Trecho do filme: 

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